2015/06/02

Maçonaria Para Quê?


A child cries in a cave shelter in Tess village in the rebel-held territory of the Nuba Mountains in South Kordofan.

É inequívoca a crescente desumanização da sociedade resultante por um lado da má condução dos povos e das economias nesse processo empolgante a que demos o nome de Globalização, e por outro lado pelo modo de vida vertiginoso que desregula o pulsar natural do ser humano e prejudica o seu ritmo ingénito – efeito secundário e nocivo da sociedade industrializada.

Os antimaçónicos esgrimem que a maçonaria, ao posicionar-se contra as “verdades” mundanas e o dogma teológico convencional, é inimiga das instituições que são contrárias aos princípios do racionalismo, da dúvida metódica, ou da liberdade religiosa. Trata-se, claro, de uma falsidade, pois bem sabemos que a Maçonaria não tem por objectivo confrontar ou destruir religiões, desde logo porque não se foca nas instituições, depois porque pugna pela liberdade total do indivíduo na escolha das suas convicções. A Maçonaria defende ideias e tem exactamente por objecto e objectivo, o indivíduo. Portanto não se coloca na posição de “atacar”, mas sim na posição de “defender”. Defende a liberdade de cada um adoptar o que entende melhor para si, a liberdade de construir o seu presente e decidir o seu futuro, de edificar o seu templo interior e a identidade que almeja.

Assistimos, quotidianamente, a uma profunda e entorpecedora alienação dos indivíduos em relação a muitos assuntos que deviam preocupar todos os homens e mulheres deste mundo insano em que alastra a corrupção, em que se ampliam as assimetrias sociais e económicas e se aprofundam os fossos entre ricos e pobres, em que a miséria se multiplica vertiginosamente. Num mundo assim a Maçonaria continua a ser necessária, como imperioso continua a ser defender os valores que a civilização conquistou ao longo de 7.000 anos (considerando-a fundada pelos Sumérios cerca de 5000 a.C).

Por outro lado, a Maçonaria mantém-se como um reduto de quantos acreditam que a existência humana não é apenas aquilo que se manifesta materialmente e que a condição humana é estática e que a essa condição nos devemos resignar. Podemos ser melhores, podemos aperfeiçoar-nos como indivíduos, como cidadãos, como profissionais, como pais e mães, como amigos, e também na relação com os outros e com o princípio criador. E nessa caminhada de progresso interior cada um traça o seu caminho para se aperfeiçoar.

A Maçonaria afirma que é possível, e desejável, construir uma sociedade em que cada indivíduo possa alcançar a felicidade. Ora, considerando a quantidade de pessoas que não possuem essa satisfação, nem sequer um qualquer patamar de realização pessoal, a Maçonaria continua com uma gigantesca e hercúlea tarefa pela frente.

Contra a modorra da alienação, contra o logro da mentira e o facilitismo da irresponsabilidade, contra uma sociedade patologicamente neurótica, repleta de vacuidades e futilidades, vivendo das aparências; contra tudo isso brandimos a Razão, numa luta pela Justiça, pela Verdade e pela Fraternidade, que inclua todos os seres humanos.


LIF