2016/10/23

Igualdade e Justiça Social

Igualdade e justiça social

Quando, num sistema de Economia de Mercado, ouvimos falar em Igualdade imediatamente depreendemos que se trata da tão famosa igualdade de oportunidades para empreender e ter êxito. Mas bem sabemos que em nenhuma sociedade existe essa igualdade real de oportunidades, porque o sistema a não promove minimamente ou porque, promovendo-a, compromete-a pela acção corrupta de muitos dos agentes do Estado – p. ex. os políticos.

John Rawls (1921-2002)  propôs um método para construção de uma sociedade efectivamente justa. Vou explicar-vos como funciona a coisa. Porém, atentemos previamente a estes casos díspares que ocorrem frequentemente na sociedade tal como está estruturada. O futebolista Cristiano Ronaldo factura cerca de 33 milhões de euros por ano, entre salário e ganhos com publicidade - mais de 90 mil euros por dia, quase 4 mil euros por hora.

Quando, em 2012, se soube que o ex-ministro Eduardo Catroga poderia vir a receber 600 mil euros por ano pelas suas funções de presidente do Conselho Geral da EDP, houve indignação; até porque o ex-ministro tinha participado nas negociações com a troika – e portanto teve responsabilidades nos cortes salariais de pessoas que recebem uma ínfima parte daqueles valores. Aos críticos Catroga explicou que, tal como acontece no futebol, o seu salário era ditado pelo valor de mercado.

Uma notícia proveniente do distante Camboja faz-nos saber que uma mulher de 48 anos, pressionada pela fome, vendeu o seu cabelo por cerca de 6 euros, explicando ao jornalista que embora todas as mulheres gostem de estar lindas, entre a beleza e a fome, não tinha dúvidas sobre o que escolher. Em conclusão ficamos a saber que o valor de mercado do cabelo de uma cambojana de 48 anos é de 6 euros.

Perante estes exemplos facilmente concluímos que a fonte de muitos problemas que actualmente ferem a humanidade reside neste sistema baseado no mercado.

A solução de John Rawls passa por reiniciar o sistema social imaginando que não sabemos a posição que ocuparemos nela – se seremos ricos ou pobres, bonitos ou feios, homens ou mulheres, jogadores de futebol, ministros ou serventes de limpeza porque, se à partida, eu não souber que posição ocuparei na sociedade, tentarei garantir que a repartição dos bens e das riquezas seja equitativa, e essa será a única forma de garantir a minha satisfação, seja qual for a posição, a ocupação ou a posse material que me caiba.


Interessante, não acham?

H.

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