2016/10/23

Liberdade

O meu conceito de Liberdade

Entendo que a Liberdade é o desejo inato do ser humano em se tornar integralmente livre. Por isso a verdadeira Liberdade não é apenas a liberdade física e política, mas também a liberdade de pensamento. Só nesse estado o homem pode dar asas a todas as suas potencialidades.

Porém, sendo algo tão grandioso e completo, a Liberdade também assume significado diferente perante situações e culturas diferentes.

Sob o jugo de uma ditadura o conceito de liberdade poderá ser diferente dependendo de quem a avalia ou deseja: um oprimido que nunca a experimentou ou um oprimido que a perdeu terão dela a mesma perspectiva? Por outro lado, será livre aquele que não sofre expressa coacção física, política ou mental mas que vive na insegurança de uma situação de desemprego permanente?

Sei que para muitos a Liberdade não pode ser uma figura de retórica mas um estado no qual o Homem, mesmo amordaçado, permanece fiel áquilo em que acredita de forma integral, física, moral, cultural e espiritual. Mas também sei que existem outros que consideram viver em liberdade mesmo dando a terceiros o poder de decidir tudo em seu lugar, aceitando, até, viver sob o jugo de pesadas regras e restrições, preferindo viver nessa “segurança protectora” de um encarceramento relativo. Daqui decorre a noção de que a liberdade não é mensurável pela austeridade ou permissividade das regras, mas sim em função dos seus objectivos e da forma como é sentida pelo indivíduo.

Uma coisa parece certa: para se ser efectivamente livre é preciso que o Homem queira ser livre e que só em função desse querer se liberte efectivamente das amarras da servidão, seja física, política, religiosa, cultural, ou da sua própria consciência.

E chegamos a uma ideia de Liberdade que trás implicada a ideia de Razão, esse juiz supremo dos nossos actos e ideias. A ideia de julgar implica, inevitavelmente, a existência de regras e de limites. E tal asserção conduz-nos agora à perspectiva maçónica: Para nós, maçons, o conceito de Liberdade envolve a ideia de uma liberdade interior apenas limitada pelo próprio indivíduo, e em que a limitação não depende de quaisquer circunstâncias mas somente das qualidades éticas e morais do indivíduo.

A Liberdade maçônica – que não deveria ser diferente da Liberdade em sentido genérico -, reside portanto no pensamento pois é através do processo cognitivo que qualquer indivíduo se torna absolutamente livre.

É pelo pensamento que a Maçonaria liberta o homem para sua função de edificador da sociedade. Nenhum tirano consegue censurar o que se passa na mente do indivíduo. Apenas o próprio pode aprisionar-se ou libertar-se no íntimo dos seus processos mentais; libertar-se implica trabalhar a pedra bruta; i. e. procurar e alcançar o autoconhecimento.

É esse esforço individual que conduz à liberdade efectiva do indivíduo. Eis a mecânica libertadora que a Maçonaria realiza, contribuindo com a metodologia, o local e as ferramentas; e o obreiro com a sua alma, o coração, a mente, e o seu querer.

E, finalmente, para além de tudo o que já falei atrás, qual é então o meu conceito de Liberdade?

Sou livre? Sinto-me livre? Sim e não!

Sim, no que concerne à consciência que tenho acerca do exercício do meu livre arbítrio; não, pois entendo que a Liberdade também implica Independência e esta não a consigo alcançar nesta sociedade em que tudo tem um elevado valor monetário e em que eu estou limitado no que toca a esse, erradamente híper exaltado, recurso financeiro.

Livre, mas não convencido, disse!

H.

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